quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Despontado

Sobre a cama, o suave toque sobre as teclas que aguardam inspiração, - mas não guardam inspiração, apenas aguardam - formam linhas que preenchem o branco, que não é mais branco. Pena que o toque leve dos dedos não são tão leves como deveriam, - o lápis está desapontado, assim como uma parte do meu coração -, e o semblante fechado é iluminado pela tela, que era branca, e realça o fosco dos olhos baixos de sono e tristeza.

Acho que vivo os poemas apaixonados de Turíbio Coelho ou, até mesmo, contos Shakespearianos. Me vejo em fotos de anúncios de sabão em pó em revistas femininas - O cachorro correndo junto ao mar, buscando o objeto na mão do pai, de bermuda cinza e camisa branca. O filho se acalenta na mão da mãe, que usa uma roupa leve, também branca, com cabelos ao vento e o sorriso carinhoso de quem não se incomodou com a produção por detrás da foto -.

As vezes me preocupo excessivamente com opiniões cotidianas, de quem apenas acorda, trabalha e dorme. - Geralmente transam antes de dormir, mas isso ainda faz parte do cotidiano - . Pessoas que não apossam o sentido de amar poeticamente, de contar os meses, de fazer piquenique, ou simplesmente andar no parque num domingo a tarde... a pé ou... como quiser.

Vivo num mundo que não é meu, nem seu. É nosso. Meu e dela. Ela. Meus dedos suavizam sobre o teclado só de lembrar seu rosto lindo, a pinta na bochecha e os olhos castanhos, - não foscos -, olhos castanhos que, de tanto brilho, iluminam meu coração. A alegria que toma meu peito ao me lembrar dela é a adrenalina do músico prestes a subir ao palco, o ator no preceder do abrir das cortinas, do louco quando acreditam na sua lucidez.

A vida é a realidade de cada alma, em sua particularidade, desde que exista amor.


Breno de Assis

Um comentário:

Unknown disse...

Bruno, poema bem intimista, você sabe
da real e entende que o melhor de
tudo é fazer do palco da vida, um
cenário de amor.
bjs